Na cidade
Lembro-me de passar ali, por aquela rua pequena onde tudo começou. Lembro-me de ti, dos teus largos passos, dos meus mais pequenos e mais apressados para não te deixar fugir... Lembro-me exactamente da tua roupa, da minha não. E lembro-me da primeira vez que me viste, quando eu também te vi, ías a subir as escadas da estação, não trocamos uma única palavra.
Imaginei mil histórias, uma vida até!
Eu lembro-me de ti, do teu anel que era igual ao meu.
E agora?!
Agora esperamos que o tempo passe depressa, depressa demais, a correr. Aconteceu tudo tão depressa que às vezes perco-me...
Olhavamos um para o outro e mal podiamos esperar que aquele mês de Junho chegasse ao fim para as férias começarem.
Às vezes deparava-me com a dúvida, mas não lhe dizia nada, até porque não tinha certezas. Mas aquela rua às vezes era tão certa, era tão nossa que as minhas incertezas pouco importavam.
A memória é uma autobiografia às avessas que oculta coisas secretas.
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